ANUNCIE

O jornalismo desempenha um papel crucial na sociedade: o de formar e informar. Em épocas de grandes mudanças tecnológicas, sociais, políticas e culturais, de enxurradas de informações rasas e falsas, ele vem de encontro a essa triste realidade em que se negligenciam os fatos e não se ouve as duas partes de um acontecimento.

Não se pode demonizar os meios de comunicação e as inúmeras facilidades que eles proporcionam, dinamizando e propagando em tempo real tudo o que acontece, atravessando fronteiras e possibilitando o encurtamento geográfico de qualquer lugar do mundo.

O Sociólogo Pierre Lévy já anunciava em seus estudos que futuramente haveria uma linguagem única, a virtual. De fato, essa é a realidade em que estamos inseridos, no entanto, o que acontece é que ainda não conseguimos assimilar esse processo de aprendizado e atropelamos as informações disseminando tudo o que encontramos, sem ao menos procurar uma fonte confiável; tornamo-nos disseminadores de falsas notícias, popularmente conhecidas como fakenews.

Em sua essência, o fakenews é um boato, gerador de medo, geralmente ligado à desinformação e com um falso endosso, com conteúdo polêmico e desafiador, disseminado em efeito manada (tendência de replicar um conteúdo sem verificar sua veracidade), nos grupos de aplicativos de mensagens e nas redes sociais.

Anteriormente, um boato delimitava-se a um tempo e espaço, porém, atualmente com as mídias digitais, ocorreu a desterritorialização, facilitando a disseminação desse conteúdo na maioria das vezes nocivo às pessoas. Atrelado a isso, vivenciamos a era da pós-verdade, em que os fatos objetivos têm menos importância do que crenças pessoais. Assim, cada vez mais nos distanciamos do conhecimento acadêmico e vamos ao encontro daquilo que acreditamos.

É aí que entra o árduo trabalho do jornalista: separar “o joio do trigo”. Dentro de um dos temas mais relevantes, e no qual o fakenews é constantemente promovido, encontra-se a política. A política não deve ser considerada um assunto dispendioso, tampouco motivo de discórdia e afastamento das pessoas, quanto mais de truculência e violência por parte daqueles que não conseguem compreender nem aceitar uma opinião divergente da sua.

O jornalismo tem obrigação ética de apurar imparcialmente e de informar sobre cada candidato, seu programa de governo, suas ideias e crenças. Por meio da informação bem redigida, veiculada e propagada em todos os meios tradicionais ou não, o jornalismo possibilita às pessoas a fomentação de ideias, a possibilidade de discutir e de mensurar as notícias recebidas.

Em muitos âmbitos o jornalismo contribui para uma sociedade mais crítica, pois faz com que as pessoas saiam de sua zona de conforto e se tornem agentes protagonistas no meio em que vivem. Atualmente não basta estar informado, é preciso estar bem informado. Nunca uma sociedade esteve mais sedenta por entender e conhecer o processo eleitoral que escolhe quem a representará. Como se a população acordasse de um longo sono e aos poucos se desse conta da importância e do poder de seu voto em uma democracia.

Por fim, é preciso entender que, se por um lado o acesso à informação encontra-se cada vez mais fácil, por outro ela vem, na maioria das vezes, desconexa, incompleta, distorcida ou parcial. E é papel do jornalista investigar e reverbarizar a notícia de forma clara, concisa e coerente, para que a sociedade consiga entender, processar e transformar o que está acontecendo à sua volta.